8.9.08

Z

"Z" é um filme francês do diretor Costa Gavras, lançado em 1969.

O filme é baseado na história real de Gregoris Lambrakis, deputado pacifista grego, assassinado durante uma demonstração. A morte deste deputado e seus desdobramentos foram alguns dos motivos que levaram ao golpe liderado pela junta militar e que tinha como principal lider o General Papadopoulos.

E o que um filme francês sobre o assassinato de um deputado grego tem a ver com processo penal? Tudo!

O filme é quase todo focado na atuação do juiz do caso e retrata como funciona um sistema que adota juízes instrutores.

Não só isso, o filme mostra claramente o que acontece com um juiz que agrega as funções de acusação e julgamento. E como resultado vê-se a parcialidade e a busca desenfreada por elementos de convicção.

E, para quem assistir ao filme, eu sei que todo mundo torce pelo juiz e bate palma no final, mas é importante, para quem estuda direito, separar o filme da vida real.

As armas que um juiz tem quando está nessa função são muito maiores do que uma pessoa consegue lidar e fica mais do que claro que seria impossível controlar um exército de juízes que saísse com lupa para buscar elementos incriminadores.

Para quem quer entender o que é um juiz instrutor e os defeitos e qualidades deste tipo de sistema, "Z" é obrigatório (além de ser um filmaço).

Escrito ouvindo: The positive aspect of negative thinking (Bad Religion, Against the Grain)

5 comments:

Anônimo disse...

Eu não vi o filme, mas pelo pouco conhecimento que eu tenho, eu tenho uma dúvida. Na França, pelo que eu li, eu entendi que o juiz de instrução não é o que julga e nem o que decreta a prisão preventiva, se for o caso, ele cuida apenas da fase de investigação preliminar. Como as provas são produzidas já de início sobre o contraditório, não se tem a necessidade de produzi-las novamente como ocorre em nosso sistema. Mas o juiz que julgará será outro, isso para garantir que o réu tenha um julgamento imparcial, assim o juiz não acumularia as funções de acusação e julgamento. É isso mesmo?

Anônimo disse...

Só complementando, fiquei curioso em ver esse filme, mas acho que vai ser difícil de eu encontrá-lo. Você sabe se em algum lugar da internet eu consigo puxá-lo?

Pedro Schaffa disse...

Olá Henrique,

no filme (e pelo jeito na grécia na década de 60) também não era este o juiz que julgava. No entanto, ele decidia sobre todas as medidas cautelares (prisões, buscas e apreensões, arrestos etc.), sobre as provas, sobre todos os incidentes e, ao final dessa primeira fase, decidia se o caso iria ou não para o júri.

Não era ele quem sentenciava, mas era ele quem decidia quase tudo durante o processo e que produzia as provas que seriam utilizadas contra o réu durante o júri.

Pelo que vi do filme (que obviamente deve ter seus erros e não deve ser levado como verdade absoluta), também não havia contraditório.

O legal não é analisar se é ou não um retrato fiel dos fatos, mas como o juiz vai perdendo a sua imparcialidade com o tempo.

Tem uma seqüencia de cenas muito boa. No começo da investigação o juiz corrige as testemunhas toda vez que elas falam a palavra assassinato e manda trocar por acidente. Ao final do filme, ele mesmo já está gritando com os réus afirmando se tratar de um assassinato.

Juízes são seres humanos e não divindades absolutamente probas e assépticas. E isso o filme retrata super bem.

Além disso, a música é ótima...

Eu vi pra vender na americanas.com por R$ 12,90.
(http://www.americanas.com.br/AcomProd/589/663171)

No youtube eu achei essas cenas:
http://video.google.com/videoplay?docid=-3110920855897825441&ei=_8bFSLKkFpPYrAKluaS4BQ&vt=lf&hl=pt-BR
http://video.google.com/videosearch?q=z+costa+grava&emb=0&aq=f#q=z%20costa%20grava&emb=0

Abraço!

Anônimo disse...

Pedro, valeu aí pelas dicas. Vou procurar assistir o filme já prestando mais atenção nisso que você expôs. Abraço!

Anônimo disse...

nossa. fazia tempo que eu não vinha aqui.
*total falta de tempo*
deu vontade de assistir o filme!!! :D
vou ver ;)
beijos