"Z" é um filme francês do diretor Costa Gavras, lançado em 1969.
E o que um filme francês sobre o assassinato de um deputado grego tem a ver com processo penal? Tudo!
O filme é quase todo focado na atuação do juiz do caso e retrata como funciona um sistema que adota juízes instrutores.
Não só isso, o filme mostra claramente o que acontece com um juiz que agrega as funções de acusação e julgamento. E como resultado vê-se a parcialidade e a busca desenfreada por elementos de convicção.
E, para quem assistir ao filme, eu sei que todo mundo torce pelo juiz e bate palma no final, mas é importante, para quem estuda direito, separar o filme da vida real.
As armas que um juiz tem quando está nessa função são muito maiores do que uma pessoa consegue lidar e fica mais do que claro que seria impossível controlar um exército de juízes que saísse com lupa para buscar elementos incriminadores.
Para quem quer entender o que é um juiz instrutor e os defeitos e qualidades deste tipo de sistema, "Z" é obrigatório (além de ser um filmaço).
Escrito ouvindo: The positive aspect of negative thinking (Bad Religion, Against the Grain)
5 comments:
Eu não vi o filme, mas pelo pouco conhecimento que eu tenho, eu tenho uma dúvida. Na França, pelo que eu li, eu entendi que o juiz de instrução não é o que julga e nem o que decreta a prisão preventiva, se for o caso, ele cuida apenas da fase de investigação preliminar. Como as provas são produzidas já de início sobre o contraditório, não se tem a necessidade de produzi-las novamente como ocorre em nosso sistema. Mas o juiz que julgará será outro, isso para garantir que o réu tenha um julgamento imparcial, assim o juiz não acumularia as funções de acusação e julgamento. É isso mesmo?
Só complementando, fiquei curioso em ver esse filme, mas acho que vai ser difícil de eu encontrá-lo. Você sabe se em algum lugar da internet eu consigo puxá-lo?
Olá Henrique,
no filme (e pelo jeito na grécia na década de 60) também não era este o juiz que julgava. No entanto, ele decidia sobre todas as medidas cautelares (prisões, buscas e apreensões, arrestos etc.), sobre as provas, sobre todos os incidentes e, ao final dessa primeira fase, decidia se o caso iria ou não para o júri.
Não era ele quem sentenciava, mas era ele quem decidia quase tudo durante o processo e que produzia as provas que seriam utilizadas contra o réu durante o júri.
Pelo que vi do filme (que obviamente deve ter seus erros e não deve ser levado como verdade absoluta), também não havia contraditório.
O legal não é analisar se é ou não um retrato fiel dos fatos, mas como o juiz vai perdendo a sua imparcialidade com o tempo.
Tem uma seqüencia de cenas muito boa. No começo da investigação o juiz corrige as testemunhas toda vez que elas falam a palavra assassinato e manda trocar por acidente. Ao final do filme, ele mesmo já está gritando com os réus afirmando se tratar de um assassinato.
Juízes são seres humanos e não divindades absolutamente probas e assépticas. E isso o filme retrata super bem.
Além disso, a música é ótima...
Eu vi pra vender na americanas.com por R$ 12,90.
(http://www.americanas.com.br/AcomProd/589/663171)
No youtube eu achei essas cenas:
http://video.google.com/videoplay?docid=-3110920855897825441&ei=_8bFSLKkFpPYrAKluaS4BQ&vt=lf&hl=pt-BR
http://video.google.com/videosearch?q=z+costa+grava&emb=0&aq=f#q=z%20costa%20grava&emb=0
Abraço!
Pedro, valeu aí pelas dicas. Vou procurar assistir o filme já prestando mais atenção nisso que você expôs. Abraço!
nossa. fazia tempo que eu não vinha aqui.
*total falta de tempo*
deu vontade de assistir o filme!!! :D
vou ver ;)
beijos
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